Se o nativo do idioma falar “errado”, devo falar igual a ele?

 

Imagine a seguinte situação: você, aluno avançado de inglês, diz algo e é “repreendido” por um colega, mais experiente no idioma, que diz: “ninguém fala assim nos Estados Unidos. Eles dizem ASSIM  e “ensina” a você o jeito “certo”, que está gramaticalmente errado, mas, segundo o colega, é mais comum no inglês falado pelos nativos. O que fazer nessa situação? Você deve se manter fiel às estruturas ou seguir as tendências? Afinal, o sonho de quase todo aluno de inglês é ouvir “nossa, você soa exatamente como um americano/britânico”.
Para responder essa questão, eu faria uso da expressão em português: nem tanto ao céu, nem tanto à terra!  Você deve, na verdade, ser fiel a SUA forma de falar o idioma. Eu (esse professor que vos escreve) sempre fui adepto das construções corretas, mas essa é a minha abordagem GERAL em relação à comunicação em inglês E também em português. Sempre optei pelo “vamos embora!” ao invés do rápido  “vambora!” ou um “espere!”  no lugar do prático “péra!” Mas essa é uma escolha pessoal, faz parte das minhas características usar esse formato de comunicação. Você tem que se perguntar qual o SEU.
Usemos como exemplo a frase da imagem acima. Americanos usam AIN’T de algumas formas. Como a contração de AM com NOT (que as gramáticas afirmam não existir), usam também como sinônimo de HAVEN´T em frases onde normalmente usamos o Present Perfect Tense. “I ain’t got no money” seria algo como “I haven´t got any money” ou “I have got no money” (eu não tenho dinheiro algum ou eu não tenho nenhum dinheiro).
Existe algo chamado preconceito linguístico, que possui a seguinte definição: forma de discriminação social que consiste em julgar o indivíduo pela forma como ele se comunica, seja oralmente, seja por escrito. O parâmetro desse julgamento é a chamada norma culta: quanto mais distante dela, mais criticado (e rebaixado) é o falante.
No mundo ideal, essas determinações conceituais não existiriam, mas é exatamente esse o caso em relação ao uso do AIN`T. Os linguistas chamam estruturas como essa de CLASS MARKERS (marcadores de classe social), pois indicam o “nível social” da pessoa que as utilizam. Para os nativos, frases como “I ain’t your friend” (eu não sou seu amigo) ou “I ain´t got time” (eu não tenho tempo) são normalmente usadas por indivíduos pertencentes às classes menos favorecidas. Ou seja, se existe uma certa rejeição a esse tipo de formato comunicativo feito por NATIVOS, imagine a reação deles a VOCÊ, estrangeiro, mandando um “ I ain’t from around here, man!” ( eu não sou daqui, cara!”.
Para terminar, a frase lá de cima não está errada apenas pelo uso do AIN´T. Existe uma regra que, ao não ser utilizada nas respectivas frases, também entra na categoria de “class markers”. Esse regra diz o seguinte: NÃO se usa dupla negativa em uma mesma frase. “I AIN’T GOT NO MONEY” possui NOT e NO, duas palavras negativas. Ou seja, se você optar por usar essa estrutura, você estará cometendo DOIS ERROS gramaticais em uma única sentença. Como diria um amigo meu: “Pode até ser “descolado”, mas que é feio, é”.

Comentários

Postagens mais visitadas